Fernanda Deslandes
|
|
O padrasto, de jaqueta marrom, presta esclarecimentos aos policiais.
|
Uma criança a caminho da escola, na manhã de hoje (12), encontrou um coleguinha agonizando em um carreiro no bairro Umbará. Gabriel Henrique Vieira, de apenas 13 anos, havia sido atingido por várias facadas pelo corpo e morreu minutos depois. O padrasto dele foi levado até a Delegacia de Homicídios para prestar depoimento.
A mãe de Gabriel sentiu-se mal e passou a madrugada em claro. Pela manhã, deixou que o filho saísse sozinho para o Colégio Estadual Padre Cláudio Morelli, porque imaginou que ele estaria acompanhado de uma amiga que sempre saía no mesmo horário. Às 7h ele deu um beijo na mãe e saiu correndo, dizendo que estava com medo de se atrasar.
Com a intenção de cortar caminho, o garoto subiu a Rua Victor Gabardo e entrou em um terreno baldio, onde há um carreiro que dá acesso até a Rua Nicola Pellanda. De lá, a escola estava a apenas uma quadra. Se ele não atravessasse o carreiro, teria que andar quase quatro quadras.
Às 7h15, outra criança utilizou o mesmo carreiro para ir até a escola e encontrou Gabriel gravemente ferido, agonizando. Ele tentou chamar socorro, mas Gabriel não resistiu.
O uniforme da escola estava coberto de sangue, já que o garoto levou três facadas na barriga, uma na lateral do peito, duas nas costas e ainda sofreu dois cortes no pescoço.
Atrás da cabeça ficou caída a mochila, com o zíper parcialmente aberto. Pelo caminho caíram uma nota de R$10, algumas moedas e anotações em pequenos pedaços de papel com o conteúdo de algumas aulas.
Gabriel tinha marcas nas pernas indicando que escorregou algumas vezes e todo o cenário indicava uma intensa luta corporal da criança com o assassino. Apesar de ter pelo menos três casas ao redor do terreno, nenhum vizinho ouviu gritos de socorro e ninguém viu nenhuma movimentação fora do normal.
Padrasto
Funcionários do colégio relataram que Gabriel entrou para o 7º ano em fevereiro, e que faltava algumas vezes quando as brigas em casa eram mais intensas. Ele perdeu o pai há cinco anos, vítima de câncer, e desde então sua mãe era casada com Davi, com quem Gabriel não convivia bem.
Por várias noites o garoto precisou dormir na casa de outros familiares para evitar confusão com o padrasto. Nos últimos três meses, após a separação do casal, Gabriel melhorou o desempenho escolar.
Tímido, sem nunca falar dos problemas pessoais, ele passou a interagir mais com os colegas e entregou um trabalho escrito sobre a importância do consumo de água durante as atividades físicas, considerado tão bom que foi afixado no mural do colégio um dia antes do crime.
Como Gabriel era um menino muito educado e tranquilo, apesar de todos os problemas pessoais em tão pouco tempo de vida, parentes acreditam que a única motivação para o homicídio é o desentendimento com o padrasto. Davi foi avisado pelos irmãos das suspeitas sobre ele e se apresentou no local do crime.
Ele foi encaminhado para prestar depoimento na Delegacia de Homicídios, ainda pela manhã. Á tarde fez alguns exames no Instituto de Criminalística. Ele nega a autoria do assassinato.